Recentemente eu fiz uma descoberta muito interessante. Não sei se de alguma forma já existe uma teoria sobre isso, ou se o tema já foi antes abordado por alguém, porque eu percebo que os meus conhecimentos são limitados.
De qualquer forma eu não li isso em lado nenhum e nunca ouvi ninguém a falar sobre, eu tive esta percepção através das minhas experiências.
A imaginação influencia bastante no nosso estilo de vida, principalmente nos nossos medos, porque foi a estrada que me levou a esta descoberta.
Não sei qual é o seu entendimento sobre medo irracional, mas eu vou explicar resumidamente: O medo irracional é sentir emoções fortes sobre eventos que não estão e têm pouca probabilidade de acontecer. Muitas pessoas sofrem de medo irracional.
Nós seres humanos somos caracterizados como seres racionais, e supostamente essa é a única diferença entre nós e os animais, eu acho que de uma forma geral somos mais emocionais do que racionais.
É por isso que aplicativos de redes sociais são tão utilizados que até estão a se tornar uma doença para a nossa geração, porque as redes sociais trabalham o nosso lado emocional. Eu podia ir mais fundo e falar sobre químicos como dopamina e etc, mas prefiro ficar por aqui.
O ponto que eu quero destacar é que, nós seres humanos somos mais emocionais do que racionais, pode haver algum estudo científico ou prova que prove o contrário, mas estou a falar segundo as minhas experiências de interação com os seres humanos.
Pode perguntar a si mesmo quantas vezes gastou dinheiro com uma coisa que gosta mesmo sabendo que não podia gastar aquele dinheiro?
Quantas vezes foi numa loja com intenção de gastar um X de dinheiro e acabou por gastar o dobro?
Quantas vezes não dormiu tarde mesmo sabendo que tinha de acordar cedo no dia seguinte?
Quantas vezes não deu uma nova chance em um relacionamento mesmo sabendo que a pessoa já não gostava de si?
Quantas vezes não procurou vingança pelo mal que uma pessoa o causou?
Quantas vezes que com raiva, prometeu nunca mais fazer isso, e depois voltou a fazer?
Eu poderia escrever mais duas páginas de perguntas sobre o momento que devia ser racional mas acabou por reagir de forma emocional.
Como eu vinha dizendo quase todos nós temos um medo irracional, algo que tem hipótese mínima de acontecer, mas nos assusta como se fosse a coisa mais provável de acontecer.
Alguns dias atrás eu estava a pensar sobre isso, e cheguei a conclusão de que o problema não é pensar na coisa, o problema é a imaginação dos possíveis cenários daquilo acontecer. Isso não só causa mais medo, como também causa ansiedade.
Imagina que é uma pessoa que não gosta de fazer apresentações nas aulas, fica nervoso quando está a apresentar um trabalho ou projeto.
De certeza que algumas horas antes da apresentação fica ansioso, mas não por pensar na apresentação, fica nervoso porque começa a imaginar possíveis cenários negativos que podem acontecer durante a apresentação.
O que causa medo não é o pensamento em si, mas a imaginação dos cenários prováveis que surgem desse pensamento.
Eu arrisco-me a dizer que se o pensamento mas imaginação é igual a medo ou ansiedade, o pensamento só contribui cerca de dez por cento. O pensamento por si só não desperta nível absurdo de medo ou ansiedade, a culpa é quase toda da imaginação.
Tem uma frase de Seneca muito famosa que diz “Nós sofremos mais na imaginação do que na realidade”. Essa frase nunca fez tanto sentido.
Algumas pessoas imaginam coisas horríveis a acontecer com elas e sofrem por isso, sem sentir nenhuma dor ou desconforto físico, O sofrimento resulta somente da imaginação.
Isso chega a ser um pouco assustador; uma pessoa senta-se e, apenas ao imaginar certas coisas, entra em desespero e começa a chorar.
Muitas pessoas não param para pensar nisso, mas é muito assustador, o fato de uma pessoa chorar de desespero somente pela imaginação de cenários, sem absolutamente nada acontecer fisicamente.
Isso faz-me lembrar a história de Dostoiévski, um filósofo russo que recebeu a sentença de morte e, no dia da execução, foi ordenado que aguardasse 5 minutos para ser baleado na cabeça.
Dostoiévski conta que esses cinco minutos foram piores do que a própria morte, pois à medida que os minutos passavam, ele começou a imaginar como seria a sua vida se não tivesse que morrer. Sabendo que só lhe restava pouco menos de 5 minutos, ele relatou que nos minutos finais só queria que os guardas disparassem mais cedo.
Essa história de Dostoiévski prova o poder da imaginação, que pode mudar significativamente o estilo de vida.